sábado, 21 de maio de 2011

Raios cósmicos induzem formação de nuvens e influenciam temperatura na Terra

Os raios cósmicos "semeiam" as nuvens de baixa altitude, que refletem
 uma parte da radiação solar de volta para o espaço. [Imagem: NASA]



 Físicos da Dinamarca e do Reino Unido demonstraram que os raios cósmicos podem estimular a formação de gotas de água na atmosfera da Terra, conduzindo à formação de nuvens.
 Segundo os pesquisadores, este é o mais forte indício experimental já obtido de que o Sol influencia o clima da Terra e como ele o faz - alterando o fluxo de raios cósmicos que atinge a superfície da Terra.
 As implicações da descoberta são significativas e de grande alcance não apenas científico, mas também político.
 Raios cósmicos semeiam nuvens
 Ainda se sabe pouco sobre como exatamente o Sol influencia, e em que magnitude, o clima e a temperatura na Terra.
 A hipótese de Henrik Svensmark, da Universidade Técnica da Dinamarca, em Copenhague, é a de que os raios cósmicos representam um papel importante nesse mecanismo.
 Segundo Svensmark e seus colegas, os raios cósmicos "semeiam" as nuvens de baixa altitude, que refletem uma parte da radiação solar de volta para o espaço.
 A quantidade de raios cósmicos que atingem a Terra, por sua vez, depende da intensidade do campo magnético solar. Quando esse campo magnético é mais forte - o que se evidencia pela presença de mais manchas solares -, mais raios são desviados, menos nuvens se formam e, assim, a Terra se aquece.
 Se o contrário acontecer no Sol, a temperatura na Terra cai.
 O que os cientistas fizeram agora foi demonstrar experimentalmente que um fluxo de raios cósmicos atua positivamente na formação de nuvens.
 Simulação dos raios cósmicos
 Para se transformar em gotículas e formar as nuvens, o vapor de água na atmosfera precisa de uma alguma superfície em torno da qual se condensar. Esse papel é desempenhado principalmente pelos chamados aerossóis, partículas líquidas ou sólidas presentes no ar.
 Os pesquisadores agora demonstraram que os raios cósmicos também desempenham esse papel, ionizando moléculas na atmosfera, moléculas estas que atraem o vapor de água, agregando-o até formar uma estrutura grande o suficiente para funcionar como superfície de condensação.
 O experimento consiste em um recipiente com uma mistura de gases representando uma atmosfera típica da Terra - oxigênio, nitrogênio, vapor de água, ozônio, dióxido de enxofre etc. Uma fonte de luz ultravioleta gerou as moléculas de ácido sulfúrico, que servem como "semente" às quais as moléculas de água podem se aglomerar.
 Os raios cósmicos foram simulados por um feixe de elétrons de 580 MeV.
 O grupo verificou que o feixe de elétrons levou a um aumento substancial na quantidade de aglomerados de moléculas.
 Segundo os pesquisadores, os elétrons, assim como os raios cósmicos na atmosfera real, ionizam as moléculas no ar, resultando na aglomeração das moléculas de água.
 Divergências climáticas
 O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) afirma que a maior parte do aquecimento registrado no clima da Terra nos últimos 50 anos deve-se a emissões de gases de efeito estufa gerados pela atividade humana.
 Mas outros cientistas argumentam que o Sol tem uma influência significativa nas mudanças do clima da Terra porque, ao longo dos últimos séculos, tem havido uma estreita correlação entre as temperaturas globais e a atividade solar - embora essa correlação pareça ter sido interrompida ao longo dos últimos 40 anos.
 Sem dados suficientes para uma conclusão mais precisa, o debate científico logo deu lugar a algo mais parecido com um debate religioso - os grupos se dividiram e estabeleceram uma fronteira intransponível entre o chamado "grupo do consenso" e o "grupo dos céticos".
 O "grupo do consenso" saiu vencedor por larga margem numérica entre os cientistas, e estabeleceu uma ortodoxia que tem resistido firmemente.
 A nova descoberta vem dar força ao grupo daqueles que exigem um comportamento mais científico do IPCC, largamente acusado de ser mais político do que científico em suas conclusões.
 Nos modelos do IPCC, as variações do brilho solar tiveram um impacto sobre o aquecimento global de apenas alguns centésimos de grau ao longo dos últimos 150 anos.

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