segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Vacina contra gripe pode ajudar na prevenção da pneumonia

Estudo da USP feito em colaboração com universidade britânica analisa a relação entre as doenças


Resultado de imagem para vacina contra a gripe


  Por Redação - Editorias: Atualidades, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Rádio USP, Jornal da USP no Ar - URL Curta: jornal.usp.br/?p=206192


  Uma pessoa infectada com vírus da gripe está mais propensa a desenvolver uma pneumonia – infecção pela bactéria pneumococo – do que aquela que não contraiu a gripe. A conclusão é de um estudo realizado pelo Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (Crid) da USP, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Faculdade de Medicina Tropical de Liverpool (Reino Unido). Os pesquisadores ressaltam a importância da pesquisa para que se possa pensar em estratégias de tratamento e prevenção da pneumonia.


  O pesquisador e professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP e do Inova USP, novo centro de pesquisa da Universidade, Helder Nakaya, explica que esse estudo vem sendo realizado há mais de dois anos, ao longo dos quais foram analisados diversos dados e casos. Ele diz que a relação entre gripe e pneumonia é bem conhecida entre clínicos e epidemiologistas; no entanto, estudar o processo era uma tarefa difícil. Esse estudo, realizado pelo Crid, permitiu caracterizar, através de mecanismos moleculares, todos os eventos do processo, desde a infecção viral da gripe até a colonização bacteriana do pulmão que leva à pneumonia, passando pela fragilização do sistema imunológico do indivíduo.


  Nakaya conta que, entre as conclusões dessa pesquisa, está a comprovação de que, ao vacinar-se contra a gripe, protege-se contra a pneumonia por consequência. Desse modo, a vacinação contra a influenza é necessária como complementar da vacina contra pneumococo, que faz parte da carteira de vacinação básica e previne a pneumonia especificamente. Ele acrescenta, que a vacina da gripe protege contra outros três ou quatro vírus causadores da doença, entretanto, por vezes a prevenção não funciona da maneira esperada. Isso se dá pelo fato de o vírus que está circulando no corpo da pessoa ser outro que não o presente na vacina, e por isso é importante o reforço anual.


  Por fim, o professor diz que a pesquisa gerou tantos dados e novas hipóteses, que elas serão seguidas em novos estudos, como teses de doutorado e dissertações de mestrado. Na Faculdade de Medicina Tropical de Liverpool será analisado o processo contrário agora, conta o pesquisador: o hospedeiro será, primeiro, infectado com a bactéria, e depois com o vírus da gripe para ver os desdobramentos e reação entre os patógenos. Esses dados serão, também, recebidos pela FCF, e abrem caminhos para pensar em tratamentos terapêuticos e novas drogas.


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Missão BepiColombo: À descoberta de Mercúrio


  Nesta edição de “Space” vamos olhar para um dos planetas mais misteriosos do sistema solar – Mercúrio. O programa conta com as explicações de alguns dos cientistas que dedicam o seu trabalho a este planeta enigmático.


Grande ato das mulheres contra o fascismo-RJ - 29/09 - #elenao

  Grande demonstração de mobilização das mulheres na luta contra a ascensão do fascismo no país, representado por uma chapa composta por militares fascistas, que disputa as eleições presidenciais desse ano.
#elenao






















segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Estrela traz evidências do início da Via Láctea

Da Seção de Apoio Institucional do IAG
http://www.usp.br/agen/wp-content/uploads/1280px-Stars_Gather_in_Downtown_Milky_Way.jpg
Descoberta de estrela pode ajudar a entender a formação de nossa galáxia
Uma equipe de astrônomos do Brasil e dos Estados Unidos, coordenada pelo professor Jorge Meléndez, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, identificou a estrela ultra pobre em metais (UMP) mais brilhante conhecida até agora, a2MASS J18082002–5104378. Estrelas com menor quantidade de metais são essenciais para o estudo detalhado do início da Via Láctea (galáxia onde está localizado o sistema solar), pois elas são mais primitivas. A identificação e o estudo da estrela ocorreram nos telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO), sediado no Chile.
Durante os primeiros minutos após o Big Bang (evento que deu origem ao Universo há aproximadamente 14 bilhões de anos), apenas os elementos químicos hidrogênio e hélio foram produzidos, e uma quantidade muito pequena de lítio. Elementos mais pesados, chamados de “metais”, foram produzidos posteriormente no interior de estrelas.
As estrelas mais massivas explodem rapidamente, ejetando material rico em metais ao meio interestelar, de tal maneira que subsequentes gerações de estrelas têm um conteúdo cada vez maior de metais. Assim, as estrelas com a menor quantidade de metais são as mais primitivas, formadas quando o universo era muito jovem.
A procura de estrelas pobres em metais é uma das áreas mais ativas da astronomia, com o objetivo de estudar as primeiras fases da nossa galáxia. A maioria dos esforços atuais está concentrada em estrelas fracas, mas seu baixo brilho dificulta a sua observação em detalhe.
O grupo liderado pelo professor Meléndez procura estrelas pobres em metais relativamente brilhantes desde 2013. Em 2014, a equipe observou a 2MASS J18082002–5104378 com o telescópio New Technology Telescope (NTT) do ESO, identificando-a como uma promissora estrela.
Para obter mais detalhes sobre sua composição química, ela foi observada em 2014 e 2015 usando o espectrógrafo (instrumento astronômico capaz de dispersar a luz estelar formando um espectro em comprimento de onda) UVES no telescópio Very Large Telescope (VLT) de 8 metros, no Observatório Paranal do ESO.
Os astrônomos confirmaram que a estrela é tão pobre em metais que foi classificada como ultra pobre em metais (em inglês Ultra Metal-Poor, UMP). Estrelas UMP têm um conteúdo de metais dezenas de milhares de vezes (1/10000) menor que a quantidade de metais do Sol. A distância aproximada da estrela em relação ao sistema solar é de 2500 anos-luz, ou seja, a luz da estrela demora 2.500 anos para chegar à Terra.
Brilho da estrela
A 2MASS J18082002–5104378 é a mais brilhante UMP conhecida até agora. Ela tem um brilho de 11.9 magnitudes, sendosuficientemente brilhante para ser observada com telescópios pequenos, a partir de 10 centímetros. Apenas a estrela CD -38 245, descoberta há mais de 30 anos pelos astrônomos australianos M. S. Bessell e J. Norris, tem um brilho similar. Todas as outras estrelas UMP são pelo menos seis vezes mais fracas. “É muito raro encontrar uma estrela UMP tão brilhante”, explica Meléndez. “Essas estrelas são preciosas relíquias para arqueologia galáctica, para desvendar a história da nossa Via Láctea”.
Entre os elementos químicos encontrados na estrela estão lítio, sódio, magnesio, aluminio, silício, cálcio, escândio, titânio, cromo, manganês, ferro, cobalto, níquel. A equipe pretende obter observações detalhadas no ultravioleta para estudar esses elementos.
“A estrela é tão brilhante que podemos tentar observações espectroscópicas no ultravioleta com o telescópio espacial Hubble”, planeja Vinicius Placco, da Notre Dame University (Estados Unidos), o coautor da descoberta. As observações com o Hubble seriam ideais porque não têm a limitação da interferência da atmosfera terrestre.
A descoberta é descrita no artigo 2MASS J18082002-5104378: The brightest (V = 11.9) ultra metal-poor star publicado na revista internacional Astronomy & Astrophysics. O artigo foi escrito por Jorge Meléndez, Vinicius Placco, Marcelo Tucci-Maia, do Departamento de Astronomia do IAG, Iván Ramírez, da University of Texas, em Austin (Estados Unidos), Ting S. Li4, da Texas A&M University(Estados Unidos) e Gabriel Perez, do Departamento de Ciências Atmoféricas do IAG.
(Com informações da assessoria de comunicação do ESO)
Foto: Wikimedia Commons/NASA/JPL-Caltech

sábado, 7 de novembro de 2015

Limites e fronteiras: o papel da astronomia para a formação do território brasileiro

Débora Motta

Elaborado por Henrique Morize e publicado pelo Observatório
Nacional em 1913, mapa do Brasil indica a nova divisão horária
 do território nacional (Imagem: Reprodução)
Com os olhos no céu, mas os pés bem fincados na terra. A astronomia, ciência voltada ao estudo dos corpos celestes, gerou diversas aplicações práticas que fazem parte do cotidiano dos brasileiros. Uma delas foi a sua contribuição, ao longo da história, para a formação dos limites territoriais do País. “A astronomia contribuiu diretamente para o estabelecimento das fronteiras e limites brasileiros. Foi com o auxílio de instrumentos astronômicos, como a bússola, o teodolito – aparelho ótico que mensura ângulos verticais e horizontais – e o cronômetro, que os cartógrafos calcularam, em diversos momentos históricos, a posição exata, em graus, minutos e segundos, do local onde se deveria traçar uma fronteira, a partir da latitude e da longitude”, explicou a historiadora Moema Vergara.   
No Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), ela coordena desde 2008 o projeto “Território, Ciência e Nação (1870-1930)”, com o objetivo de entender a participação da astronomia na confecção cartográfica do território do Brasil. “Estudamos várias viagens de astrônomos pelo território nacional com a preocupação de entender o processo de formação do País, em suas relações com a cartografia”, resumiu. As pesquisas foram contempladas pela FAPERJ nos editais Apoio a Grupos Emergentes de Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro e Auxílio à Pesquisa Básica (APQ 1). Diversos artigos produzidos como desdobramento desses estudos, além de imagens de época, mapas interativos e vídeos, estão disponíveis no site da instituição: http://www.mast.br/territorio_ciencia_e_nacao/index.php?n=home .
"Se na época das Grandes Navegações o desafio era navegar por mares nunca antes desbravados, para os astrônomos a dificuldade era avançar por terra, em um país de geografia ainda inexplorada e desconhecida", destaca Moema. Um desses casos foi a incorporação das terras do Acre ao território nacional, conduzida pelo barão do Rio Branco. O trabalho de uma comissão científica foi fundamental para localizar a nascente do rio Javari, que norteou o traçado da fronteira.
“No mapa, uma parte do estado do Acre é uma linha reta. É nessa ponta de linha reta que fica a nascente do Javari, escolhida para ser o limite entre o Brasil e a Bolívia”, explicou. “Quem determinou realmente as coordenadas de latitude e longitude do rio Javari foi o astrônomo belga Luiz Cruls, diretor do Observatório Nacional em 1901. Ele fez uma dramática viagem de reconhecimento ao Amazonas, que resultou na morte de diversos integrantes da expedição por doenças tropicais”, contou.
Foto da primeira Comissão Cruls, na Cachoeira do Rio Cassú,
no Planalto Central, 
durante expedição que ajudou a definir
os limites do Distrito Federal 
(Foto: Acervo Luiz Cruls/Mast)
Naquela época, o meridiano de Greenwich ainda não era o parâmetro utilizado pelos cientistas. Durante o Império, Luiz Cruls representou o Brasil em uma conferência internacional, realizada em Washington, que discutiu como calcular a longitude de todos os países. “Foi nessa conferência, realizada em 1884, que estabeleceram Greenwich como o meridiano zero. Ele só se tornou oficial no Brasil em 1914, ano de início da Primeira Guerra”, citou Moema. Antes desse marco, os astrônomos não tinham um padrão para contar as longitudes e estabelecer o fuso horário. “Alguns documentos mostram que o meridiano de Paris foi utilizado como referência na cidade, além do meridiano do Rio, que inicialmente se situava no morro do Castelo. Com a possibilidade de derrubar esse morro, o que de fato ocorreu na gestão do prefeito Pereira Passos, transferiram a localização do meridiano do Rio, que passou a ser no Pão de Açúcar”, detalhou a historiadora. 
No final do século XIX, Cruls liderou a primeira expedição para demarcar o território onde seria construída a nova capital federal do Brasil. Em 1892, criou-se a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, que deveria não apenas delimitar, na região do Planalto Central, a posição astronômica da área demarcada, mas também analisar sua hidrografia, condições climáticas, natureza do terreno e, quando possível, realizando os estudos que se julgassem necessários. Para trabalhos mais detalhados, foi criada, em 1894, uma segunda expedição, denominada Comissão de Estudos da Nova Capital da União.  
Os membros selecionados para integrar as comissões tinham formação variada. Entre eles, havia astrônomos, mecânicos, médicos, farmacêuticos, geólogos e botânicos. As comissões não tinham o propósito de descobrir ou desbravar os sertões, tendo em vista que a região já havia sido visitada anteriormente por outros viajantes. “Os trabalhos realizados pela comissão devem ser considerados como sistematização e classificação da natureza de acordo com padrões científicos, uma vez que a equipe era composta por especialistas de diferentes áreas. Cruls enviou grupos de cientistas para cada vértice do quadrilátero que hoje compõe o Distrito Federal. Eles fizeram cálculos e descreveram as condições naturais da região”, disse Moema. Entre os integrantes dessas comissões estava Henrique Morize, que assumiu a direção do Observatório Nacional após a saída de Cruls da instituição.
A historiadora ressalta que a astronomia ajudou a definir as fronteiras brasileiras, que, mais do que estabelecer limites territoriais, estão associadas à identidade da nação. “É importante divulgar que essa ciência está na base da formação do nosso território. Ao fazer suas medições científicas, os astrônomos descobriam os ribeirinhos, os indígenas, a cultura local e descreviam a natureza do País, com sua flora, fauna, regime dos rios e composições geológicas das terras”, concluiu.

Fonte: http://www.faperj.br/?id=3030.2.3