Quanto menos sabemos, menos procuramos saber
É o que diz pesquisa americana, feita com base em entrevistas sobre assuntos sociais
RIO - Um dito popular mundialmente famoso - "a ignorância é uma benção" - sempre intrigou Steven Shepherd, pesquisador da Universidade de Waterloo, nos Estados Unidos. Para conferir se havia alguma verdade nessa máxima, ele aplicou testes, nos últimos dois anos, em 511 americanos e canadenses. E descobriu que, quanto menos seus voluntários sabiam sobre temas complexos, como economia, consumo de energia e meio ambiente, menos eles procuravam aprender.
Há um beneficiado por esta equação: o governo (seja ele qual for). Como se tratam de polêmicas ligadas à sociedade, os entrevistados depositavam toda a confiança no Estado. As autoridades teriam carta branca para fazer o que fosse melhor para todos. Afinal, ao menos teoricamente, são elas que dominam aqueles assuntos.
- Quando um tema é muito complexo, nós terceirizamos a responsabilidade pelo seu entendimento - explica Shepherd ao GLOBO. - A falta de compreensão transforma-se em uma confiança crescente nessas autoridades. É uma opção confortável para as pessoas.
Para Shepherd, o estudo teria resultados semelhantes se fosse aplicado em outros países - inclusive no Brasil.
- Recrutamos uma ampla gama de pessoas, de diferentes idades e origens. Por isso, creio que este fenômeno não é específico a uma cultura ou a um local - conclui - Em outros países, haveria resultados análogos. Os problemas a serem pesquisados, obviamente, poderiam mudar. No Japão, por exemplo, as pessoas são realmente motivadas a pensar que seu governo pode lidar com os desastres pós-tsunami. Seria difícil que acreditassem em algo contrário a isso.
O pesquisador ressalta que seu trabalho pode ser usado para que educadores procurem formas mais atraentes de fazer com que os estudantes se envolvam em temas importantes à sociedade. Uma alienação como a vista atualmente, segundo Shepherd, permite que a classe política apresente os problemas de forma superficial e explore mais as emoções do que o conteúdo de um debate.
- Muitas pessoas mudam a canal quando veem um comercial de TV pedindo-os para doar dinheiro para crianças doentes. Mas não o fazem por não ligar para o problema. É porque elas ligam o suficiente para achar aquelas imagens perturbadoras demais - acredita. - Olhar para outro lugar, então, torna-se uma forma conveniente de lidar com aquilo. Lembrar as pessoas que elas têm poder para ajudar é uma parte desse quebra-cabeça.
Shepherd publicou um artigo sobre a pesquisa na última edição do "Journal of Personality and Social Psychology", da Associação Americana de Psicologia.
Excelente artigo!! Todos sabemos disso, mas eu nunca tinha escutado falar de um estudo sério sobre o assunto !! e agora estamos respaldados para lhe dar com os que preferem ser alienados perante o sistema.
ResponderExcluirE Anderson, conforme nós conversamos, eu fiquei de te avisar se eu fosse aprovado no vest de física!! Fui Aprovado!! ano que vem eu irei iniciar o curso... Vlw.
Obrigado pelo comentário e parabéns pela aprovação no vestibular, Tadeu.
ResponderExcluirUm forte abraço.