terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Atmosfera produz mercúrio que pode infiltrar-se nos ecossistemas


  O que sobe tem tendência a descer. É o caso do mercúrio, um metal altamente venenoso que está constantemente a ser libertado para a atmosfera durante o uso de combustíveis. Cientistas dos EUA descobriram que a camada superior da atmosfera oxida este elemento e deixa-o pronto para voltar a cair na superfície terrestre onde pode entrar na cadeia alimentar.

“A atmosfera superior está a funcionar como um reactor químico que torna o mercúrio mais capaz de entrar nos ecossistemas”, disse em comunicado Seth Lyman. O investigador pertencia à Universidade de Washington e é co-autor do artigo que descreve este estudo publicado nesta segunda-feira na revista Nature Geoscience. “Muito do mercúrio emitido é depositado longe das suas fontes originais”, acrescentou.

O cientista trabalhou com Daniel Jaffe, da mesma universidade. Juntos estudaram esta dinâmica com a ajuda de um avião em voos que aconteceram em Outubro e Novembro de 2010. O avião passou por cima da América do Norte e da Europa a altitudes de 5700 e 6900 metros e utilizou uma máquina para medir amostras de ar que, pela primeira vez, conseguia analisar formas diferentes de mercúrio na mesma amostra.

A máquina fez medidas a cada dois minutos e meio. Várias vezes conseguiu encontrar ao mesmo tempo elementos de mercúrio e elementos de mercúrio oxidado em correntes de ar que vinham de camadas superiores da atmosfera. Os cientistas calculam que esta transformação química se dê na atmosfera superior, embora o processo pelo qual aconteça ainda seja desconhecido.

O mercúrio oxidado cai facilmente na superfície terrestre durante a queda de chuva ou de neve. Aqui, as bactérias são capazes de transformar este mercúrio oxidado numa forma orgânica capaz de entrar nas cadeias alimentares e no mar, chegar aos peixes.

Os autores do estudo sublinham que o local onde esta substância acaba por ser depositada pode estar muito afastado de onde o mercúrio foi emitido. “O mercúrio emitido do outro lado do mundo pode ser depositado no nosso jardim, dependendo de onde e como foi transportado, de como foi quimicamente transformado e alterado”, disse Lyman.


Nenhum comentário:

Postar um comentário