Seria a humanidade uma nova força geológica que atua sobre o
planeta? Cientistas lançam página virtual onde internautas podem
refletir sobre o tema – nada consensual.
Em três minutos, uma viagem no tempo: da Revolução Industrial aos
dias de hoje. O cenário é a Terra; a protagonista, a humanidade; e a
trama é a dúvida – seríamos nós, humanos, responsáveis pela força
criadora e destruidora capaz de iniciar uma nova era geológica no
planeta?
É a reflexão proposta no vídeo abaixo, apresentado como prelúdio à navegação de um novíssimo site: o Welcome to the Anthropocene (Bem-vindo ao Antropoceno, em português).
Para os que chegaram agora na discussão, a história é assim: a
humanidade vem, ao longo dos últimos milênios, exercendo influência tão
evidente sobre os fluxos de energia e matéria do planeta que estaríamos,
talvez, iniciando um novo período geológico: o Antropoceno.
O tema, aliás, rendeu artigo na revista Ciência Hoje 283.
“A partir de meados do século 18, os humanos alteraram diretamente as
paisagens em 40% a 50% do planeta, e marcas de sua influência afetam
mais de 83% da superfície terrestre”, escrevem os autores.
Em outras palavras, aquela velha tabela do tempo geológico da Terra pode, segundo alguns, precisar de uma singela atualização.
Navegando
A proposta do novo site é informar o internauta e – com boas
imagens à la Google Earth – ilustrar as razões que levam muitos
cientistas a falar em Antropoceno.
Crescimento vertiginoso e disseminação global de grandes centros
urbanos; mudanças globais em praticamente todos os níveis a velocidades
assustadoras (há quem chame o período dos últimos 60 anos de ‘a grande
aceleração’); revoluções industriais que afetaram praticamente todas as
sociedades; modificação radical das paisagens ao sabor dos progressos
civilizatórios; e por aí vai. Há um pequeno texto explicativo para cada
um desses tópicos.
A página na internet traz uma boa galeria de imagens,
ilustrando algumas das intervenções mais notáveis da atividade humana
sobre o planeta. Destaque para o megaprojeto de exploração mineral na
Serra dos Carajás; e também para a hidrelétrica de Três Gargantas, na
China, com a maior barragem do mundo; entre uma série de outras pegadas
nossas espalhadas pelo mundo afora.
Com apelo estético de primeira, temos aí ótima ferramenta para os que
querem se atualizar ou mesmo se iniciar na problemática tão instigante
do Antropoceno.
Ainda em versão beta, as funcionalidades serão incrementadas ao longo
do ano. Os desenvolvedores estimam que, até o final de 2012, a versão
definitiva esteja finalizada.
Base para tomadores de decisão
A ferramenta foi lançada semana passada durante a Planet Under Pressure 2012,
conferência realizada em Londres que reuniu atores de peso da
comunidade científica de todo o globo – o encontro teve caráter
preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
Discussões sobre o Antropoceno estiveram entre os destaques do
evento. Afinal, um tema de tamanha envergadura abarca provavelmente
todos os desafios socioambientais que hoje enfrentamos.
Além do lançamento do site, foi assinado um documento que, espera-se, seja lido pelos representantes de Estado que marcarão presença na Rio+20.
Henrique Kugler
Ciência Hoje/ RJ
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