Nesta sexta-feira, o Observatório Europeu do Sul (ESO) completa 50 anos. Em janeiro, tive a felicidade de poder conhecer algumas de suas instalações no Chile, que fornecem dados para astrônomos de todo mundo e estão mudando nossa visão do Universo. Das observações feitas com instrumentos como o VLT, um conjunto de quatro telescópios gêmeos de 8,2 metros que atuando juntos simulam um imenso equipamento de 130 metros, localizado no Cerro Paranal, no Deserto do Atacama (na imagem abaixo), saíram descobertas importantes como a natureza do gigantesco buraco negro no centro da Via Láctea (na imagem acima); a primeira imagem direta de um planeta extrassolar (assim como a primeira análise espectral da atmosfera de um destes planetas fora do Sistema Solar); a estrela mais antiga da nossa galáxia; a de que, ao contrário do esperado, a expansão do Universo está se acelerando, abrindo caminho para o estudo da misteriosa energia escura...
A lista de feitos é grande: ao todo, os observatórios do ESO - que incluem ainda os telescópios de La Silla e as antenas do APEX e do ALMA (abaixo) e também foram pioneiros no uso de tecnologias como as óticas ativa e adaptativa e interferometria que melhoraram em muito a qualidade dos dados obtidos – foram usados para produzir cerca de 9 mil artigos científicos nos últimos anos.
E embora o Brasil ainda não tenha ratificado sua adesão como 15º e primeiro membro não europeu do consórcio (um processo que se arrasta desde 2010 e que está atrasando o início das obras para construção do mais novo telescópio do ESO, o E-ELT, um gigante de quase 40 metros que permitirá detectar planetas do tamanho da Terra em órbita de outras estrelas, entre outras capacidades inéditas, e pode terminar como um vexame internacional do país), a comunidade científica brasileira também tem muito o que comemorar. Apesar do atraso do governo, nossos astrônomos ganharam acesso privilegiado aos equipamentos do consórcio, contribuindo para o avanço da ciência nacional.
Também como parte das comemorações, o Planetário do Rio, na Gávea, inaugura nesta sexta a exposição “O Universo Deslumbrante”, que vai mostrar em 38 fotografias, divididas em 5 painéis, um pouco do legado do ESO nestes 50 anos. Na abertura, marcada para as 19h30, Marcio Maia, pesquisador do Observatório Nacional (ON) e do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LineA), vai falar sobre as questões que desafiam a astronomia moderna e como os equipamentos que os grandes centros de pesquisa como o ESO dispõem contribuem para responder a essas perguntas. Vale a visita!
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