terça-feira, 8 de novembro de 2011

.Médico diz conseguir tornar azuis os olhos castanhos, para sempre

                             Tratamento de laser


06.11.2011 - Por Nicolau Ferreira
    Dezassete por cento dos americanos fariam o tratamento
    Dezassete por cento dos americanos fariam o tratamento (Eva Carasol (arquivo))
    Conte até 20 e espere três semanas. Quando voltar a olhar para o espelho, os seus olhos castanhos tornaram-se azuis. Esta é a promessa de um médico norte-americano que já teve estes resultados num ensaio que está a realizar no México, com recurso ao laser.


    O próximo passo é expandir os ensaios clínicos a mais pessoas. Por isso Gregg Homer está a tentar reunir perto de 544.000 euros para a sua empresa Stroma Medical, sediada em Laguna Beach, na Califórnia.

    O princípio da técnica de laser já é utilizado na pele, para remover sinais e sardas, mas agora é aplicado ao olho. Faz-se um exame com uma espécie de scanner aos olhos da pessoa que escolheu submeter-se ao tratamento, que identifica cada pontinho do olho que tem de ser tratado.

    Depois, um laser com um padrão específico acerta em cada ponto do olho, um a um. O processo é repetido várias vezes, mas ao todo, o tratamento de laser demora apenas 20 segundos. 

    O que o laser faz é acertar nos pigmentos de melanina, que dá a cor ao olho castanho. Isso gera um processo fisiológico de degradação da melanina, que desaparece, e deixa à mostra os pigmentos azuis que segundo Gregg Homer sempre lá estiveram. Este processo demora entre duas e três semanas. 

    O olho primeiro escurece e só depois é que surge o azul. Como a melanina não volta a ser produzida, a cor mantém-se, garante o médico. Olhos castanhos, nunca mais.

    Oftalmologistas com reservas

    À BBC News Larry Benjamin, um cirurgião oftalmologista do Hospital de Stoke Mandeville, no Reino Unido, mostrou reservas: “O pigmento está lá por uma razão. Se o pigmento se perde pode-se ter problemas como sentir demasiada claridade ou ter visão dupla.”

    “Não ter pigmentos no olho seria como ter uma abertura de câmara com um diafragma transparente. Não seria possível controlar a luz que entra [no olho]”, explicou o médico.

    Mas Homer explicou que o processo só retira o pigmento da superfície do olho. “Isto é só um terço a metade da espessura do pigmento na parte de trás da íris e não tem significado a nível médico”, disse, argumentando que os pacientes seriam menos sensíveis à luz do que as pessoas que nascem naturalmente com olhos azuis. 

    “Para examinar a segurança, fizemos testes para 15 procedimentos diferentes. Testámos antes e depois dos tratamentos, e no dia seguinte, passado semanas e nos três meses depois. Até agora não encontramos provas de qualquer lesão”, disse à BBC News.

    Por outro lado, Elmer Tu, oftalmologista da Universidade de Illinois, em Chicago, teme que a libertação de melanina cause cegueira. O pigmento libertado “tem que ir para algum local”, disse à CBS News, explicando que existe uma doença chamada glaucoma pigmentar em que a melanina se deposita em certos locais do olho, impossibilitando a visão.

    No caso do tratamento da Stroma Medical, depois do laser, o organismo “recruta uma proteína que é uma espécie de pacman, que digere o tecido ao nível molecular”, explicou Gregg Homer. Até agora só foram tratadas 17 pessoas, no México, que tinham um grau elevado de miopia, e que em troca receberam um transplante de lentes, avança a BBC News.

    O dinheiro que o médico procura agora servirá para fazer testes a mais três pessoas. Se tudo correr bem, Homer quer reunir mais 10,9 milhões de euros para produzir centenas de lasers e dentro de 18 meses começar a fazer o tratamento do lado de cá do Atlântico. Espera em três anos vender o produto nos Estados Unidos, a 3625 euros por pessoa. 

    Segundo um questionário da clínica feito a 2500 pessoas, 17% dos americanos fariam o tratamento se soubessem que era completamente seguro e 35% pensariam seriamente em recorrer ao laser. Seria um admirável mundo novo de olhos azuis.

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