Missão de estudo do satélite começará em março e deve durar 82 dias.
Cientistas querem saber por que lado que não vemos é diferente do visível.
As duas sondas de prospecção espacial da missão Grail (Recuperação da Gravidade e Laboratório Interior, na sigla em inglês) vão frear sua trajetória e chegar no ano-novo à órbita da Lua, de onde devem explorar o interior do satélite, informou nesta quarta-feira (28) a agência espacial americana (Nasa).
"Embora, desde a década de 1970, tenhamos enviado mais de uma centena de missões à Lua, inclusive duas nas quais os astronautas caminharam sobre a superfície, a verdade é que há muitas coisas que não sabemos sobre o nosso satélite", disse em coletiva de imprensa a pesquisadora-chefe do programa Grail, Maria Zuber, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Desenho simula sondas 'gêmeas' da Nasa que vão analisar o lado oculto da Lua (Foto: NASA/JPL-Caltech)
As duas sondas estão viajando rumo à Lua desde o lançamento delas, em setembro. No dia 31, uma das naves gêmeas acionará seus foguetes para diminuir a velocidade, de modo que fique submetida à gravidade da Lua a 56 quilômetros da superfície.
No dia seguinte, a outra sonda fará uma manobra similar, e ambas traçarão um mapa da gravidade do satélite, medindo os efeitos dessa força sobre suas trajetórias orbitais.
"Entre as muitas coisas que não sabemos sobre a Lua é por que o lado oculto é tão diferente do visível", declarou Zuber, referindo-se ao hemisfério que não pode ser visto da Terra.
"A resposta deve estar no interior da Lua", acrescentou a pesquisadora, explicando que a missão de estudo começará em março e deve durar 82 dias, embora os cientistas tenham pedido à Nasa que a estenda até dezembro de 2012.
A missão não está restrita aos cientistas e acadêmicos: cada uma das sondas Grail, impulsionadas por energia solar, está equipada com quatro câmeras que serão operadas por grupos de estudantes do ensino médio. "Mais de 2.100 escolas em todo o país se registraram para o programa", comentou Zuber.
A Nasa qualificou a missão Grail como "uma viagem ao centro da Lua", já que a medição da força da gravidade permitirá a construção de "mapas" sobre o interior do satélite entre cem e mil vezes mais precisos que os obtidos até agora.
Durante a missão, as sondas orbitarão a uma distância, uma da outra, de 200 quilômetros e, segundo os cientistas, as mudanças regionais na gravidade lunar farão com que elas diminuam ou aumentem levemente a velocidade.
Isso, por sua vez, modificará a distância que as separa, e os sinais de rádio transmitidos pelas sondas medirão as variações menores. Dessa forma, os pesquisadores poderão criar mapas do campo de gravidade.
Com esses dados, os cientistas poderão deduzir o que há embaixo da superfície da Lua, com suas montanhas e crateras, e poderiam entender melhor por que o lado oculto dela é mais abrupto que o lado visto da Terra.
Outro dos mistérios que Grail poderia revelar, segundo Zuber, é se a Terra teve em outro tempo uma segunda lua menor. Alguns astrônomos acreditam que algumas das marcas na superfície do satélite são resultado de uma colisão com um satélite menor.
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