Os 650 participantes no estudo tinham de, por exemplo, observar O pensador de Rodin (Foto: Reuters)
Apesar da apregoada crise, milhões de pessoas continuam a acreditar em Deus. O que faz com que uns acreditem e outros não? Um estudo da Universidade de Columbia, nos EUA, publicado na revista Science, conclui que o que explica o ateísmo é o pensamento analítico.
“O nosso objectivo foi explorar a questão
fundamental de por que, em diferentes graus, acreditam as pessoas num
Deus”, explica o autor Will Gervais, citado pelo diário espanhol El Mundo.
“Uma
combinação de factores complexos influencia em matéria de
espiritualidade pessoal; e as nossas conclusões indicam que o sistema
cognitivo relacionado com os pensamentos analíticos é um factor que pode
influenciar a perda de fé.”, revela o investigador.
Na tentativa
de estimular o pensamento analítico, os investigadores recorreram a
tarefas. Pediram aos participantes para, por exemplo, observarem a
imagem da escultura O pensador, de August Rodin, ou que
preenchessem questionários impressos com tipos de letra difíceis de ler.
E perceberam que as crenças religiosas diminuíam quando as pessoas
estavam a cumprir tarefas mais analíticas.
A equipa de
investigação baseou-se num modelo de psicologia cognitiva. Há um sistema
intuitivo associado a circuitos mentais que produzem respostas rápidas e
um sistema analítico, que leva mais tempo a encontrar respostas. “O
nosso estudo está na senda de outras investigações que vincularam as
crenças religiosas com o pensamento intuitivo “, salientou Ara
Norenzayan, co-autor do estudo ao mesmo diário.
Participaram no
estudo mais de 650 pessoas dos EUA e do Canadá. Agora, para Gervais,
falta saber, por exemplo, se a diminuição da crença religiosa é
temporária ou de longa duração. E, já agora, como se aplicam estas
teorias fora das sociedades capitalistas norte-americanas e europeias.
Por
isso, os autores recomendam "cuidado na interpretação das implicações
deste estudo" e defendem que são precisos mais para chegar a conclusões
definitivas.
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