Relatório 'Living Planet' analisa a forma como usamos os recursos naturais nos últimos 20 anos e faz projeções alarmantes sobre a preservação do ambiente
Luís Bulcão
Menino se refresca com água de mangueira em Manila, nas Filipinas
(Cheryl Ravelo/Reuters)
Se as demandas de recursos naturais utilizados na Terra continuarem a
aumentar como nos últimos 20 anos, precisaremos de quase três planetas
em 2050. É o que diz o relatório Living Planet,
que reúne dados científicos sobre o meio ambiente e é produzido a cada
dois anos pelo WWF. Divulgado nesta terça-feira, a pouco mais de um mês
da Rio+20,
o documento traz um segmento especial que compara a situação do planeta
no caminho entre as duas conferências históricas realizadas no Brasil, a
Rio 92 e a que terá início a partir do dia 13 de junho.
Segundo o relatório, as condições do planeta pioraram apesar dos
esforços da Rio 92. O mundo hoje emite 40% mais gases poluentes, teve
uma perda de biodiversidade de 12%, as florestas diminuíram 3 milhões de
metros quadrados, o número de pessoas vivendo em cidades, que consomem
75% da energia do planeta, aumentou 45% e a produção de comida, que
consome a maior parte da água doce do planeta, também aumentou 45%.
No entanto, alguns sinais são positivos, como o aumento na eficiência
do uso dos recursos naturais e a queda no desmatamento de florestas. A
organização acredita que até 2050 seja possível reverter a situação de
degradação ambiental. "Nós temos a capacidade de criar um futuro
próspero com comida, água e energia para os 9 ou 10 bilhões de pessoas
que vão habitar o planeta em 2050, mas apenas se todos nós — governos,
comunidades, cidadãos — nos prepararmos para esse desafio", afirma Jim
Leape, diretor geral da WWF. De acordo com Leape, a Rio+20 representa o
momento oportuno para que a busca práticas que enfrentem o problema seja
renovada.
"Vinte anos após a histórica Cúpula da Terra, a Rio+20 pode e deve ser o
momento para os governos entrarem em acordo sobre um novo caminho para a
sustentabilidade. É uma oportunidade única para haver uma congregação
de comprometimento, em que países de diferentes regiões ,como a bacia do
Congo e o Ártico, se unam para o melhor uso de recursos que eles
compartilham; em que empresas que competem no mercado unam forças para
incorporar a sustentabilidade em suas cadeias de produção e para que
passem a fornecer produtos que utilizem menos recursos; em que os fundos
soberanos e de pensões passem a investir mais em empregos verdes",
diz. Conheça os destaques do relatório:
Mudança Climática
Criada durante a Rio 92, a Convenção da ONU sobre Mudança Climática
(UNFCCC, sigla em inglês) conseguiu que os países assinassem o Protocolo
de Kyoto, acordo em que se comprometiam a minimizar as emissões de
gases causadores do aquecimento global. Sem a adesão dos Estados Unidos,
o tratado caiu em desuso, principalmente após o Canadá anunciar que
pularia fora em 2011. Segundo o relatório, apesar das manchetes geradas
pelo fator que se tornou a principal questão ambiental conjunta, as
emissões de carbono continuaram a aumentar: 40%, de 1992 a 2011, de
acordo com o programa ambiental da ONU (Pnud). Como consequência, o
nível de carbono a atmosfera aumentou 9% desde a Rio 92 e as camadas de
gelo no Ártico durante o verão diminuíram 35%, atingindo picos em 2007 e
2011. O relatório cita os esforços voluntários de países como o Reino
Unido, que aprovou uma lei em 2008 que requer a redução de 80% nas
emissões de gases no país até 2050. Mas afirma que apesar dos esforços,
os países até agora falharam em conseguir um acordo global para metas de
redução.
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