terça-feira, 16 de outubro de 2012

Neo-alquimia: bactéria produz ouro artisticamente


Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/10/2012
Neo-alquimia: bactéria produz ouro artisticamente
A obra, que é meio arte e meio experimento científico, chama-se "O Grande Trabalho do Amante dos Metais".[Imagem: G.L. Kohuth/MSU]

Biomineração
A biomineração consiste no uso de microrganismos, sobretudo bactérias, para extrair metais, eventualmente substituindo os complicados e caros processos da mineração tradicional.
Kazem Kashefi e Adam Brown, da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, decidiram fazer uma demonstração das capacidades da biomineração que tivesse um maior impacto.
Kashefi é professor de microbiologia e genética molecular. Brown é artista, segundo ele especializado em "intermídias".
Os dois se juntaram para criar um aparato que é parte experimento, parte divulgação científica e parte obra de arte.
Mas tudo funciona de acordo com o primeiro pressuposto - trata-se de um experimento científico real.

Alquimia microbiana
A parte que atrai e impressiona é que o aparelho recebe um composto químico natural extremamente tóxico - o cloreto de ouro - e produz ouro metálico puro.
"O que nós estamos fazendo é alquimia microbiana - produzindo ouro, transformando algo que não tem valor em um metal precioso sólido," disse Kashefi.

Neo-alquimia: bactéria produz ouro artisticamente
Grãos de ouro sintetizados pelas bactérias no interior do reator. [Imagem: G.L. Kohuth/MSU]
 
O trabalho pesado é feito pela bactéria Cupriavidus metallidurans, que serve também para reter metais pesados de ambientes contaminados.
A peça de arte, que está em exposição na Universidade, é um laboratório portátil.
Ele consiste em um biorreator de vidro, onde a bactéria cresce no tóxico cloreto de ouro. Para impressionar, e dar o tom artístico, o aparato inteiro passou por um processo de douração.

Neo-alquimia
A obra contém ainda uma série de imagens feitas com um microscópio eletrônico de varredura.
Usando antigas técnicas de iluminação, os cientistas aplicaram folhas de ouro 24 quilates sobre as imagens das bactérias onde o microscópio detectou a sintetização de ouro sólido, de modo que cada impressão contém parte do ouro produzido no biorreator.
"Isto é neo-alquimia. Cada peça, cada detalhe do projeto é um cruzamento entre a microbiologia moderna e a alquimia," disse Brown. "A ciência tenta explicar o mundo fenomenologicamente. Como artista, eu estou tentando criar um fenômeno. A arte tem a capacidade de impulsionar a investigação científica."

Interesses econômicos
Com a cotação do ouro no seu pico histórico, a demonstração fez brilhar também os olhos de alguns homo economicus.
Infelizmente o processo não é eficiente o bastante para virar uma fábrica real.
Outras equipes estão usando a biologia sintética para fazer alterações genéticas nas bactérias, de forma que elas se concentrem menos no show e mais no trabalho, produzindo mais ouro, assim como outros metais.

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